terça-feira, 29 de julho de 2008

Yukio Mishima...

Através do estudo comparado Oriente e Ocidente, este livro aborda o polêmico escritor Yukio Nishima. Na sua existência dividida em quatro grandes correntes: a literatura, o teatro, o corpo e a ação, uma vez que já amplamente conhecido como romancista, ênfase é dada sobretudo ao teatro (Mishima dramaturgo e diretor) e ao corpo, com sua singular estética do corpo de inspiração grega, Mishima ator de teatro, musical e cinema, bem como modelo fotográfico quase sempre desnudo.O escritor zombava: “Quero manter o romance como o meu fundamento e me relacionar com o teatro como um hobby, como se com a esposa e a amante”. Mas longe de se tornar um hobby, a sua vocação dramatúrgica o levou a criar 62 obras.
capa do livro "Yukio Mishima: O homem de teatro e de cinema"

Quando jovem, vemos Mishima desenbarcando no Brasil em 1952. O velho mundo, a Europa, assim como os Estados Unidos já teriam se esgotado como fontes de inspiração e ele procurava algo novo. De sua estadia na fazenda de Toshiko Tarama em Lins (São Paulo) resultou o drama “A Toca de Cupins”, com a oposição “sangue velho” (Japão) versus “sangue novo” (Brasil) e Prêmio Kishida de Dramaturgia em 1955; ao se extasiar no carnaval do Rio, a deliciosa opereta “Bom Dia, Sra.!”; e do convívio da colônia japonesa, o conto irônico Mulheres Insatisfeitas. Participou de colóquios e contribuiu com artigos para periódicos paulistanos em língua Japonesa. Em seguida, a Grécia o fez descobrir “a identidade do padrão ético entre criar uma obra bela e tornar-me belo. Creio que os gregos antigos possuíam essa chave”. Assim, a crença dos gregos no exterior vai se tornar seu método estético.Nesta obra bem ilustrada, “Yukio Mishima: O homem de teatro e de cinema”, a autora tentou abarcar o teatro completo de Mishima, o seu filme Patriotismo, bem como as questões do corpo e da ação, ambas de vital importância para o escritor. Os leitores depararão com o seu amplo leque de interesses cênicos, do tradicional à vanguarda. Pode –se dizer do Nô ao Butô, passando pelo Bunraku, Kabuki, Shingeki (teatro moderno), radionovela, ópera e musicais.
Inicialmente influenciado pela “Fedra” de Racine, Mishima modelou-se no teatro clássico francês. A juventude em plena II Guerra Mundial o fez adotar o lema: “Viver como se não houvesse amanhã”. Criou o melodrama “Palacete das Festas” e as obras-primas “Peças de Nô Moderno e Kabuki de Mishima”. Apolítico até então, em 1960 entra na fase varonil e compõe a “Trilogia sobre o Incidente de 26 de Fevereiro de 1936”. E no drama “A Queda da Família Suzaku”, ousou abordar o tabu supremo do Japão, com a questão do imperador e a sua responsabilidade na guerra.Já em “Marquesa de Sade” (de outubro/2005 a fevereiro/ 2006, esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, dirigida por Roberto Lage e protagonizada por Bárbara Paz, numa tradução de Darci Kusano) e“Meu Amigo Hitler”, realizou experimentações extremas do teatro de diálogos. Empenhou-se em traduções de Racine, Goethe e D’annunzio. Amigo de Hijikata Tatsumi, testemunhou o nascimento da dança de vanguarda butô. No final, Mishima dirigiu o drama poético “Salomé” de Oscar Wilde, obra que abre e fecha o seu ciclo de vida adulta.Além de Wilde, foi influenciado por Raymond Radiguet, Ôgai Mori, Thomas Mann, Friederich Nietzche e Georges Bataille. A malhação e os esportes transformaram-no em modelo de fotos ousadas, ator de teatro e cinema. Assim tornou-se diretor e ator em algumas de suas próprias peças, peliculas da Companhia Cinematográfica Daiei e no seu filme Patriotismo. Todavia, o encontro com um grupo de jovens do Ronsô Journal (Revista Polêmica), que pretendia consertar o Japão distorcido, provocou-lhe uma transformação revolucionária.Influenciado pelo conceito de bunbu-ryôdô, isto é, “o caminho combinado do erudito e do guerreiro” ou“ a habilidade em ambas as artes, literária e militar”, dá-se o nascimento do Mishima ativista com a criação da sua organização paramilitar de estudantes, a Sociedade do Escudo. Seus ensaios políticos, reunidos em “Tratado para a Defesa da Cultura”, já caminham lado a lado com a ação.Em um de seus textos jornalísticos mais conhecidos, o escritor profetizou: “Se continuar assim, o Japão desaparecerá e no seu lugar restará uma grande potência econômica, inorgânica, vazia, neutra, rica e astuta num canto do Extremo Oriente”.“O homem moderno é quase destituído do desejo dos antigos gregos de viver ‘com beleza’ e ‘com beleza’ morrer, declara o autor em “Sol e Aço”, o seu menor tratado sobre o corpo. Ele acreditava que é importante morrer por algo, isto é, pela defesa da cultura, cujo símbolo é o imperador”, não o imperador enquanto pessoa física, mas o imperador como uma idéia cultural. Por fim, a obsessãopelo pensamento com ação levou Mishima a procurar a fusão de arte e vida, estética e ideologia, arte e ação. O que culminou no seu trágico final através do seppuku, a 25 de novemro de 1970, no Quartel General de Ichigaya em Tóquio, quando ele dramatizou e protagnizou sem falhas amorte ritual do samurai. O livro pode ser adquirido diretamente na Editora Perspectiva com desconto de 20% (te. 11 3885-8388)



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