quinta-feira, 31 de julho de 2008

1969...Woodstock...

A 15 de agosto de 1969, começou ao norte de Nova York um festival de rock em que se apresentaram os mais conhecidos músicos do gênero. Quase meio milhão de pessoas — muito mais do que o esperado — festejaram durante três dias. O evento é considerado desde então o auge do movimento hippie.
Ninguém tinha mais de 30 anos entre os 400 mil jovens que acamparam durante três dias, comendo, bebendo, dormindo e fazendo amor ao ar livre. E fumando maconha. Quem esteve em Woodstock de 15 a 17 de agosto de 1969, afirma que foi a maior manifestação de paz de todos os tempos. Para as más línguas, a descontração foi resultado puro do enorme consumo de drogas praticado durante o evento pelos jovens representantes da "geração das flores".
O que estava planejado era algo totalmente diferente. Os quatro jovens de Bethel, no estado de Nova York, que alugaram para o festival de rock ao ar livre a propriedade rural de Max Yasgur, de 250 hectares, contavam com no máximo uns 80 mil hippies. Mas, ainda antes de a festa começar, não parava de chegar gente para ouvir The Who, Jimmy Hendrix, Joan Baez, Stills & Nash, Jefferson Airplane e muitos outros mais que haviam confirmado presença. Logo foi preciso desmontar as cercas da fazenda, o que ocorreu com toda a calma, porque o pessoal não era de arruaça.
Max Yasgur não cabia em si de contentamento: "Sou um simples camponês. Não sei como falar para tanta gente. Esta é a maior multidão que já se reuniu num lugar. Mas eu acho que vocês provaram uma coisa para o mundo, ou seja, que é possível meio milhão de pessoas se reunir para ouvir música e se divertir durante três dias — só música e divertimento."
O festival em Woodstock não foi o primeiro a ser realizado ao ar livre em fins da década de 60. E, para os hippies de verdade, até hoje o festival de Monterey, realizado na Califórnia no verão setentrional de 1967, continua sendo o acontecimento. Mas a ele compareceram apenas 50 mil pessoas. Woodstock reuniu pelo menos oito vezes mais.
Protesto político e fim de uma era
Em 1969, na verdade, já tinha quase passado a grande euforia da rebelião. Os estudantes de Paris, Berlim e Berkeley tinham desmontado suas barricadas e retornado às salas de aula.
Na Casa Branca, estava instalado Richard Nixon, que incorporava todos os clichês do governante reacionário em velhos moldes. E o que Woodstock representou, no fundo, foi a rejeição dos Estados Unidos que Nixon representava. Nada expressou tão bem essa rejeição quanto a guitarra de Jimmi Hendrix, entoando o hino nacional entrecortado pelos sons de bombas. Um ano antes de sua morte, o astro consagrava-se como o maior guitarrista de rock de todos os tempos.
Hoje Woodstock tem a aura de um mito, provavelmente também por representar o crepúsculo do movimento hippie. Poucos dias antes, o clã de Charles Manson havia cometido assassinatos bárbaros ao som de rock e no embalo das drogas, matando entre outras pessoas a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski. Ainda no mesmo ano, o rock chegou ao fundo do poço, num concerto dos Rolling Stones em Altamont, na Califórnia, em que os Hell's Angels, que compunham a segurança, apunhalaram um negro diante do palco.
O festival do amor e da paz rendeu lucros para seus organizadores, que ganharam com os áudios e vídeos produzidos sobre o evento. Na lembrança, permanece a imagem de um mar de lama preenchido pelo lixo deixado pelos participantes: a chuva que caiu em Woodstock só fez reforçar o mito.

Nenhum comentário: